domingo, 19 de janeiro de 2014

Bootlegs


Como sempre gostei de gravações ao vivo, foi inevitável virar fã e colecionador de Bootlegs.

O que são Bootlegs?

São toda e qualquer gravação que não tenha sido lançada comercialmente. É uma prática antiga e que acredito tenha começado nos anos 60.
Quem começou isso? Os fãns.

O cara ia assistir aos shows e levava um gravadorzinho cassete..alguns se davam ao luxo de levar gravadores de rolo para ter mais qualidade. Existe um vídeo, se não me falha a memória, do Texas International Pop Festival de 1969 que em determinado momento filmam um cara na platéia sentado no chão com um gravador de rolo, tranquilinho lá gravando.

As fontes dessas gravações são várias e a qualidade idem. Deste o gravador cassete a copias de transmissões de rádio ou TV, gravações conseguidas diretas da mesa de som nos shows...
No caso de transmissões de radio e gravações diretas da mesa, a qualidade costuma ser muito boa.

Para um colecionador de bootlegs a qualidade da gravação é secundária. Claro que se for boa, melhor ainda, mas o que importa mesmo é o documento. O registro de um show que jamais se repetirá. As vezes uma apresentação fantástica e que o único registro existente é este...mal gravado, tosco até...mas ta lá a prova... ta lá o show.

Olhando pelo lado histórico e documental da coisa, a importãncia dos Bootlegs ainda se torna maior. Existem bandas de um disco só e algumas que sequer gravaram, mas fizeram um ou outro show e por sorte alguém registrou isso.
Discos que não foram lançados por N motivos e que cairiam no esquecimento, não fosse alguém, as vezes surrupiando uma cópia e tornando isso acessível para este tipo de público.

Por volta de 2003, descobri um site de compartilhamentos de Bootlegs, chamado Sharing The Groove.
Claro que me associei a ele.
Na época não tinha muita gente sabendo e as postagens eram poucas. Mas a coisa cresceu com muita rapidez, a ponto da poderosa RIAA tirar este site do ar...que era mantido evidentemente por pessoas que curtiam Bootlegs. Ao mesmo tempo, um outro site também estava começando a por suas mangas de fora...EZ torrent. Novamente a RIAA começou sua perseguição ridícula.

Se as gravadoras achavam que os Bootlegs tiravam o dinheiro que elas poderiam embolsar, porque diabos não os compravam de seus donos e lançavam comercialmente?
Porque é claro que o público disso era mínimo e lançar discos com a qualidade tosca da maioria dos Bootlegs seria um tiro no pé, pois os fãns comuns não iriam se interessar por algo desse tipo.

O EzTorrent já passava de um milhão de associados pelo mundo e a todo minuto eram postados shows, 24 horas por dia... e claro que os poderosos estavam ligados nisso. Tanto que um belo dia, os donos do site fizeram um comunicado dizendo que teriam que fechar, pois estavam sendo ameaçados pelos advogados da RIAA e que não tinham como lutar contra isso...e assim foi feito.

Mas o que ninguém imaginava aconteceu. No dia seguinte ao fechamento do site, alguém ou os próprios donos o reabriram com outro nome e rapidamente todo mundo que era associado, foi descobrindo e retornando para o EZ, que passou a se chamar Dimeadozen.

Creio que fui associado até 2006 e baixei muito material de bandas que conhecia e bandas que sequer sabia da existência, e hoje tenho um belo acervo. Sem esses sites, seria muito difícil, eu pelo menos, ter mantido esta paixão..que agora esta sossegada e saciada.

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