quarta-feira, 26 de março de 2014

Ensaios frustrados

Ensaios não costumam ter surpresas e ninguém também espera por isso, mas as vezes acontecem coisas que depois achamos graça.

Lembro de dois deles, bem no início de minha vida musical.

Não existiam estudios de ensaio, então tinhamos que nos virar. Normalmente os ensaios eram na casa do baterista, mas não só...se não reclamassem a gente ia fazendo.

Um dos lugares onde a gente ensaiava era na casa de Yvon Azambuja, que já citei em outra postagem...aliás a casa dele também era o lugar dos encontros e de ouvirmos as novidades musicais em primeira mão, as revistas...

O pai e a mãe, suas irmãs lindas..Dedé e Glaucia..Glaucia mais fechadona e Dedé, super alegre e gente boa...além da Samantha, que eu morria de medo. Um mix de pastor com vira lata, séria e invocada.

Eles gostavam daquela agitação toda, pois ainda tinham os vários amigos das moças e do filho mais velho, que viviam por lá.
O pai, seu Wilson, era também quem as vezes trazia os pedidos desse filho mais velho, também Wilson...pedidos de discos importados..e nós aproveitavamos, é claro.

Então uma certa vez começamos a planejar uma jam...estavamos conhecendo outros músicos e os convidamos. Como não daria pra fazer isso na casa do Yvon, no quarto onde a gente ensaiava, resolvemos fazer a tal jam na cobertura do prédio, que era apenas uma área vazia. Não sei se comunicamos o síndico ou quem quer que seja.

Existia um percussionista chamado Foguete e que era amigo do irmão do Yvon, se não me engano...sei que conseguimos convida-lo. Rezava a lenda que ele tocava com o Gilberto Gil. Então no dia D, levamos nossas tralhas para a tal cobertura e começaram a chegar os convidados. Dentre eles o Foguete.

Chegou cheio de bolsas e sacolas, sentou no chão e começou a tirar instrumentos de percussão e coloca-los em volta de si... além dos normais, um monte de coisas que percussionistas transformam em instrumentos.

Começamos a tocar...alguns minutos depois chegou o síndico e aos berros acabou com a festa. A cara do foguete guardando as coisas, quem viu não esqueceu.  Mas foi uma frustração geral, principalmente a nossa, pois queríamos muito o contato com músicos mais experientes e alguns apareceram...só não tocaram. 

O outro ensaio furado foi em uma guarita militar. Conhecíamos alguém que morava dentro do quartel do exército no posto 6, em Copacabana, e essa pessoa nos ofereceu uma guarita que tinha lá abandonada e ficava em um morro, onde hoje é o parque Garota de Ipanema, no Arpoador.

Fomos...subindo pelo morro com caixas de som, bateria e etc...uma mão de obra dos infernos. Começamos a montar e acho que nem chegamos a tocar ou porque não tinha energia no lugar ou porque apareceu alguém e nos mandou sair dali. Acho que foram ambas as coisas. E tome a descer o morro de volta, cheio de tralhas e frustração.

Hoje é mole, em todo canto existem estudios de ensaio pra alugar e temos até roadies...pagando, é claro. Dos anos 70... só os valentes continuaram rs 


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