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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Tocaia 1987 / 1995



Tocaia - 1987/1995

Eu e Willian Murray (ex baixista do Bacamarte) formamos essa banda instrumental sem muitas pretensões e fomos levando até onde deu.

Nunca nos apresentamos ao vivo e também não gravamos nada com qualidade de estudio.
Quase todas as gravações que temos, foram feitas em ensaios e gravadas apenas com dois microfones...e uma ou outra com porta estudios.
Apesar da precariedade das gravações, elas são bem audíveis. E como são os únicos registros da existência desta banda...postei!

Willian Murray - baixo
Fernando Medeiros - guitarra
Chico Costa - sax
Zé Bruno e Álvaro Albuquerque - bateria (cada um a seu tempo)

No começo tinha uma onda fusion, conforme a formação foi se alterando, as composições tomaram outro rumo. Uma mistura de rock, jazz-rock, progressivo e fusion.

A primeira formação contava também com os teclados de Helvio...depois virou quarteto e por último trio.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Timbre e partes da guitarra


   
O bom som e o seu som de guitarra, é uma combinação de coisas e que vão além da guitarra em si. Mas por hora, fiquemos na guitarra.

A madeira do corpo por exemplo.: Existem várias madeiras utilizadas. Nenhuma te dará uma mudança tão drástica de timbre, sustain.. mas é claro que alguma mudança terá. No meu caso, talvez pelo hábito de usar por tanto tempo uma Fender em Alder, para o meu timbre e gosto é a madeira que me soa melhor. O Ash é bacana também, mas me falta algo. O Mogno funciona lindamente com humbuckings, mas com single-coils, nunca achei um que me soasse satisfatório. Tenho uma Tele em mogno feita por um luthier, que virou cobaia para meus testes com captadores. Tentei todo tipo de single-coils nela.

Ativos, passivos, Hots, humbucking em formato de single...Fender, DiMarzio, Seymour Duncan, marcas ignoradas.... nenhum me agradou a resposta...já com humbuckings, ela falava muito bem. Não é a tôa que a madeira mais usada pela Gibson, onde mesmo os captadores single coils, não soam como um single Fender, é o mogno.

Existem várias outras madeiras que são usadas na fabricação de guitarras, mas gosto dessas clássicas, principalmente o Alder, que me sôa balanceado aos meus ouvidos e gosto.

O braço tb diz muito em relação a timbre. Braços maple (madeira clara na escala) são brilhantes, mais agudos em relação aos de madeira escura, os rosewood, que soam mais macios, doces e menos brilhantes.


A qualidade do material usado na ponte, implica também em timbre, sustain, clareza e corte.

Um toque sobre pontes flutuantes. A Fender vem de fábrica com 5 molas. Muitos guitarristas para deixar a ponte macia e suave, retiram duas molas e as vezes três. O resultado é que ela fica realmente muito macia, mas em contrapartida, se arrebenta uma corda a afinação vai para o espaço; e se você estiver tocando ao vivo é realmente um problema. Na Fender, a forma para isso não acontecer é retirar apenas uma mola, deixando-a com 4 molas. Ela não desafinará assim e você terá a ação da alavanca mais suave. Se você usa muito a alavanca, meu conselho é colocar uma ponte estilo Floyd Rose. Me parece que ela desafina da mesma forma, caso arrebente alguma corda, mas como nunca usei uma ponte dessas, não posso afirmar que seja correto isso.


O nut, não sendo de plástico, minha preferência é pelo tradicional de osso. Existem nuts de outros materiais, mas tirando o de metal, que já usei, não tenho opinião formada. Não senti uma mudança muito expressiva do osso para o metal, mas é claro que existe, conforme o material usado.


Potenciômetros ruins tb podem alterar o timbre, deixando a guitarra com um som velado...não economize nisso pois é dinheiro,  tempo e trabalho jogados fora, sem contar que potenciômetros são baratos.


O capacitor usado no potenciômetro para timbre, também faz diferença e variações que se consegue colocando capacitores de valores que não sejam os usados normalmente, a mim nunca agradaram, então quando mexo nisso, procuro os tradicionais.


As cordas que vc usa tb atuam no timbre. Atuam em termos de peso,  volume, clareza...em um som mais magro ou mais denso (gordo), mais agudo ou mais puxado para o médio ou grave....
Existem diversos calibres e é questão de gosto e necessidade do guitarrista. No meu caso as 0.10 estão perfeitas, apesar de as vezes sentir necessidade de um som mais cheio e firme, quando uso o slide. Como uso a mesma guitarra para tocar com e sem slide, a 0.10 tem uma tensão que não me arrebenta os dedos e soa a contento. Mas calibre de cordas é de cada um. Só não aconselho abaixo de 09.

Nos anos 70, cordas eram um grande problema...a falta de opções era gritante. Conseguia-se quando muito cordas Fender e Gibson. Das Fender eu não gostava do som, além de elas durarem pouco. Gostava da Gibson que tinha uma tensão para mim, perfeita e o timbre consistente. Vc encontra variações de tensão em cordas do mesmo calibre mas de fabricantes diferentes, entre outras coisas. Uma corda mais facilmente encontrada na época, era uma Italiana da marca Galli e que vinha com uma mizinha extra de brinde. Usava 08...não sei como, até descobrir a 09 e depois definitivamente, a 010. Já testei 013 a título de curiosidade, mas eu teria que mexer em toda a regulagem da ponte, incluindo o braço, que chegou a envergar um pouco com a tensão excessiva das cordas mais pesadas. 0.11 seria um meio termo mas preferi continuar com a 010.

Um toque sobre colocação de cordas: Para a corda desafinar pouco, use-a curta. A partir da tarracha que você estiver colocando a corda, deixe sobrando uns três ou quatro dedos e corte a sobra.


Captadores

Captadores fazem uma grande diferença no timbre, volume, corpo...
Existem diversos tipos e marcas e para chegar no que vc quer, só testando.
Só abandono um captador depois de comprovar que o mesmo não vale um tostão furado, mas antes disso faço bastantes testes com ele. Passei a pensar assim, depois que descobri que um determinado captador que eu tinha, soava um lixo em madeiras normais e depois me surpreender com ele em uma guitarra vagabunda que eu tive, cuja madeira acredito que fosse pinho.

Viajei na maionese e escavei a guitarra toda, fiz um tampo com um material que lembra alumínio (ou é alumínio..não sei) e é usado em cases. Minha idéia é que ela soasse meio como um dobro. Funcionou melhor ainda..ficou um misto de dobro com violão e o tal captador vagabundo traduziu isso de uma forma que nenhum outro que testei depois, captadores bons e de marca, conseguiram reproduzir com um som tão legal quanto ele. Este captador, pasmem...era um single que eu tinha da Sound Malagoli e que era vendido avulso nos anos 70.

Infelizmente o perdi em um acidente com cola Araldite..e esta guitarra terminou indo para o lixo. Portanto...nunca subestime um captador. Dependendo da madeira do corpo da guitarra, sua construção, se é sólida, semi-acustica, sua ponte... captadores aparentemente ruins, em algumas guitarras podem soar lindamente. Já alguns, são ruins mesmo e aí não tem santo que dê jeito.

Primeiras timbragens



Desde que me lembro, sempre tive minha atenção voltada para os timbres das guitarras. Se ouvia algum guitarrista cujo timbre não me agradasse, geralmente perdia o interesse em continuar ouvindo, exceto se o tal guitarrista tivesse algo além, apesar do timbre feio. Minha gana por isso cresceu e me fez ficar ligado nos detalhes. Aos poucos fui percebendo que muita coisa envolvia ter uma boa timbragem.

Primeiro reparei no que o guitarrista fazia, como ele tirava os sons...até então, para mim era basicamente ele e a guitarra. Em 1970, conhecia uma ou outra banda de rock e muito do pop da época e da decada passada. Em 1971, motivado pelo som do Santana, comprei um bongô. Aprendi apenas uma música e larguei de mão.  Atravéz de um amigo de infãncia (Ivon Azambuja) e que também estava começando a se interessar em tocar, aprendi meus dois primeiros acordes...da mesma música do Santana que eu tentava tocar no bongô. Um mi e um la..só tinha isso na música. Santana não foi uma influência para mim, apenas um acaso. Em seguida arrumei meu primeiro violão. Na casa deste mesmo amigo, atravez de seu irmão mais velho, Wilson, que era meio hippie e estava antenado no que acontecia e também atravez de meu irmão mais velho, eu ia conhecendo novas bandas.

Foi na casa desse amigo que ouvi pela primeira vez Rory Gallagher, e não poderia ter sido de forma melhor. Seu disco Live In Europe havia acabado de sair, ele havia sido eleito o músico do ano pelo jornal Melody Maker e o melhor guitarrista de 1972. No começo de 1973 estava com minha primeira guitarra, que consegui trocando por minha última prancha de surf. O disco do Rory tinha sido como uma janela se abrindo para mim e me lembro degustando e absorvendo a guitarra de Messin with the kid, prestando atenção em cada detalhe do solo do meio. Ali percebi que aquele monte de variações nas notas, eram basicamente criadas pelas mãos dele. O uso da palheta, harmônicos, abafamentos, picados, modulações no som...uma coisa foi me levando a outra e a percepção ia aumentando, na medida que ia aprendendo como reproduzir aqueles detalhes e via que tinha mais coisa ali do que eu pensava.

Reparei que Rory as vezes fazia soar notas como se elas tivessem um wha-wha natural. Rory usava também um recurso deste tipo, mas usando o potenciometro de tonalidade da guitarra para fazer este efeito. A outra forma com que ele fazia isso, não era tão clara, mas observando e por tentativa e erro, descobri que aquelas modulações estavam totalmente ligadas a palhetada, a timbragem no amplificador, que precisava de um certo nível de saturação e que em algumas regiões do braço elas soavam mais fáceis. Como tive sorte com meu primeiro amplificador, que mesmo com pouquíssimos recursos timbrava lindamente e com o volume no talo saturava, cheguei próximo do que ouvia o Rory fazer. Claro que isso foi com o tempo. Algumas descobertas vem as vezes por acaso e acende uma luz em você..."ahhh, é assim que ele faz", "opa, que isso? Consegui tirar aquele som..." E você vai percebendo também o que precisa para conseguir esses sons.

Rory Gallagher foi fundamental para mim, inclusive por me permitir entender outros guitarristas..como foi o caso do Jimi Hendrix, que eu já conhecia mas sua guitarra genial estava além do que eu poderia entender, até então. A medida que fui aprendendo coisas, não só com ele, mas também com o monte de outros guitarristas que ia conhecendo ou redescobrindo, como o Hendrix, minha curiosidade em relação a guitarra, o que tinha dentro dela, a imensa variante de timbres que eu ouvia...só foi aumentando. Uma coisa levou a outra e comecei a fazer alguns testes, para ver se conseguia alguma alteração no timbre da minha guitarra, algum ajuste em algo que eu sentia não ser legal nela...ia fazendo por tentativa e erro. Errava mais que acertava mas tudo certo. Por sorte minha, esta guitarra tinha uns captadores estilo soap bar e soava realmente quente, daí que ela respondia bem as experiências que eu tentava.

As vezes só temos uma guitarra, que pode ser um excelente instrumento ou um instrumento não tão bom assim, mas que é o que você tem no momento. Nunca tive pena em esmiuçar uma guitarra e nem sou um purista daqueles que acha um sacrilégio alterar um instrumento, seja ele vintage, novo, velho... sempre me importou a funcionalidade dele e as alterações que fiz e faço, são sempre buscando uma determinada sonoridade, ou para tentar suprir alguma deficiência que o instrumento tenha e que me incomoda, ou me falta. Ficar trocando de guitarra nunca foi a minha, exceto se você tem comprovadamente um pau de cordas na mão, aí não vale a pena tentar transforma-la em algo decente.

Daí que as respostas que tive com meus experimentos vida a fora, me fizeram chegar a algumas conclusões. Não sou dono da verdade e é claro que certas coisas funcionam para mim, para outros pode ser que não, tudo depende da resposta que cada um tem e de suas espectativas em relação aos testes que faz.

Minha primeira guitarra, uma Giannini Gemini, foi praticamente desconstruida por mim. Meu primeiro violão, e o segundo também, foram pelo mesmo caminho. Não pense que sou um louco destruidor de guitarras e violões. Sempre que me aventurei a tentar fazer algo, foi buscando alguma mudança que na teoria funcionava e na prática.. bem, algumas vezes não funcionava. Já me arrependi algumas vezes, mas ainda prefiro acreditar na máxima "tentativa e erro" pois podemos ter belas surpresas.

Experiências

Pulando os tempos, no  final dos anos 80 estava querendo ter um peso maior nos agudos de minha Strato e imaginava que colocando um humbucking na ponte eu conseguiria isso, uma vez que via gente usando com essa finalidade. Mas não queria perder o single coil da ponte também. Não pensei duas vezes. Comprei um humbucking PAF da DiMarzio e escavei a madeira, de modo que coubessem os dois pick-ups. Luthier naquela época continuava não sendo muito fácil de se achar. Eu conhecia apenas alguns velhinhos donos de lojas e que faziam pequenos ajustes, mas não eram exatamente luthieres e também nem sabia se eles ainda estavam vivos.

Sendo assim, peguei um formão e outras ferramentas menos nobres e escavei a vítima. Ficou uma porcaria o acabamento, mas para o que eu queria fazer estava perfeito. O problema seria o pick guard, pois naquele tempo, não tinha como hoje peças de reposição a venda nas lojas. Fiz o que? Cortei o escudo.

Fiz o buraco para o humbucking, junto com o single coil original da Strato, que passou a ter um ãngulo reto como os outros single coils. Precisei também botar uma chave extra para o humbucking e as variações que ele me daria. Não era um expert em parte elétrica, mas por estar acostumado a fuçar e com o esquema do DiMarzio ajudando, fiz as ligações.

Ficou uma lambança a fase do humbucking em relação a fase dos singles, mas ao mesmo tempo consegui uma gama de timbres novos e interessantes. Por algum motivo, atravéz do potenciômetro de volume também conseguia sutis variações de timbres e descobri que quando eu o abaixava ao redor do 7 ou 8, tinha o humbucking sozinho e conforme a posição da chave, em série ou paralelo.

Ficou perfeito, exceto que em pouco tempo descobri que não era um grande fã de humbuckings e o resultado é que ele ficou ali apenas como enfeite (um enfeite feio, diga-se de passagem) pois descobri que ao vivo, as variações com os single-coils não soavam assim tão bem e o humbucking sozinho não era exatamente o meu timbre. Para gravações, as combinações humbucking x single, soaram muito interessantes pela gama de timbres, mas ao vivo, em volume alto, não. Me arrependi principalmente em ter cortado o pick-guard original da Strato, mas são ossos do ofício.

De resto, tentei algo que funcionou mas não exatamente como imaginava. Mas de que forma eu saberia, não tendo uma outra guitarra para servir de cobaia e nem tendo como hoje, internet para buscar informações?